Doces sonhos, arte de jovens boleiras chegam a custar R$ 6 mil
Luana Massi, Carla Ikeda e Alessandra Tonisi colocam a mão na massa em seus belíssimos bolos. Conheça a seguir o que a arte delas tem de tão especial (e de tão deliciosa)
Por Soraia Gama
DIÁRIO SP
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Se o bolo da foto fosse de verdade (como ele era só para a foto, foi confeitado em cima de um isopor!), Carla cobraria por ele algo torno de R$ 700. Nada mal para quem faz uma média de 20 por mês.
Boleira sem bolo
Alessandra Tonisi casou-se em 1995, mas não teve bolo. E até hoje ainda não conseguiu preparar um para comemorar esse dia tão especial. Em compensação, trabalha de segunda a segunda realizando o sonho de muitas outras noivas. Só de docinhos são 15 mil feitos por semana. "Atualmente, vendo mais os doces, porque os bufês já oferecem o bolo", justifica Alessandra. Quem compra os docinhos com ela pode alugar um bolo cenográfico por um preço bem mais em conta.
O chapéu de chef e o lenço amarrado no pescoço dão o ar francês à ex-estilista. Vendo-a assim, ela tem muito mais jeito de designer de bolo do que especialista em moda. "Sempre adorei culinária, em especial os doces e bolos. Assistia sempre aos programas de televisão, como o da Ana Maria Braga, e depois fiz cursos de gastronomia e confeitaria", conta a boleira, que em 2002 começou sua nova profissão, apenas para as festas de amigos. Atualmente, Alessandra tem um show room e um espaço para produção no bairro da Saúde, e um Espaço Gourmet nos Jardins. No total, são 15 funcionários para atender os clientes ? 90% vêm por causa de festas de casamento.
Os doces são muitos, mas Alessandra gosta mesmo é de fazer os bolos. "A cliente sempre pede branco e com laços. Algumas já vêm com a ideia pronta e já fiz uns meio estranhos. Uma vez a noiva pediu um amarelo, roxo e vermelho. Estranho, mas eu fiz", lembra a profissional, que uma vez por ano promove um workshop na feira Daslu Casar.
Os bolos são finos, cheios de detalhes, verdadeiras obras-primas. O mais caro que ela já fez custou R$ 6 mil. E não era nem para comer. Serve até hoje como objeto de decoração. "Já quando o aniversário é infantil, o bolo tem de ser de verdade! E os que têm personagens do canal Discovery são sempre os mais pedidos."
Alessandra, que vira e mexe atende famosos como os noivos Denilson e Luciele Camargo, prefere ficar nos bastidores. É tímida e custou a dizer que o bolo da foto foi feito para o seu próprio aniversário. No dia da nossa entrevista, ela completava 40 anos e se preparava para receber um presentão: o troféu Top Fest, dado aos cinco melhores cake designers de São Paulo.
França, lá vou eu!
Há oito anos, Luana Massi largou família, trabalho, namorado e se mudou para a França. Morou em Paris, fez amigos, viajou, ficou fluente no francês... e aprendeu a fazer doces. "Como por lá eles são avessos à pasta americana, aprendi a modelagem com a pasta em Londres, com Debbie Brown (uma das maiores designers de bolo da Inglaterra)", conta Luana, que vende de 10 a 15 bolos por semana. O mais caro até hoje custou R$ 4 mil. "Foi um de casamento. Eram cinco andares, com flores, laços, babados..."
Aos 35 anos, Luana tem uma lista de clientes famosos, como o jogador Robinho, e Adriane Galisteu, que pagou R$ 2,5 mil pelo bolo de aniversário de seu filho, além de cupcakes e pirulitos decorados. "Vira um conto de fadas. Antigamente não tinha tudo isso por mera falta de opção. A pasta americana deve ter chegado ao Brasil há uns 15 anos", diz a boleira, que, particularmente, não gosta da pasta que usa para esculpir suas obras de arte. "É muito doce, não acho saborosa. Eu tiro a pasta e como só o recheio", entrega Luana, que, além dos bolos, faz de oito a dez mil docinhos por semana ? os preços variam de R$ 1,80 a R$ 3,50 cada um.
O negócio não nasceu assim grande. Depois que voltou da França, Luana começou a trabalhar em casa, fazendo bolos para os amigos e para a família, cobrando apenas o preço de custo. "Os primeiros eram feios demais", lembra, rindo. "Os cursos ensinam a modelar, mas a gente aprende mesmo é na prática", ensina.
Raramente ela faz bolos cenográficos. A não ser quando tem muitos andares ou se objetivo é ficar exposto em algum evento. A especialidade dela são os clássicos de casamento. "Adoro fazer esses mais rebuscados, com flores, rendas, mais enfeitados, mais bonitos." Mas, apesar desse lado romântico, Luana tem buscado novos desafios. "Estou aprendendo a ousar" diz, mostrando o bolo todo colorido que aparece com ela na foto da nossa capa. Todas essas cores foram inspiradas em estamparia da Missoni, grife italiana queridinha de atores como Tom Hanks e Drew Barrymore e modelos como Kate Moss e Gisele Bündchen.
Casada e com um filho de quase 2 anos, Luana consegue delegar um pouco do trabalho. "Antes eu mesma fazia todos os bolos. Mas com filho a coisa muda um pouco. Fui treinando uma assistente e hoje tenho uma boa equipe. Assim está bom, não quero ser maior."
E como em casa de ferreiro o espeto, normalmente, é de pau, o filho de Luana não teve um bolo dos sonhos na sua festa de 1 ano. "A avó dele estava doente, não teve clima e ele nem entendia muito. Mas agora, com 2 anos, vamos fazer um bolo bem lindo, especial." Alguém duvida?
Para saber mais
Pensou em mudar de profissão? Então, inspire-se nos sites das nossas entrevistadas e em escolas que têm cursos de cake design:
Carla Ikeda: www.flickr.com/photos/dentro_do_forno/
Luana Massi: www.luanamassi.com.br
Alessandra Tonisi: www.alessandratonisi.com.br
Marcela Sanchez: www.marcelasanchez.com/institucional.htm
Flávia Millás: www.flaviamillas.com.br/index.php
Senai: cursos de confeitaria. Informações pelo telefone: 3826-6766. Rua Tagipuru 242, Barra Funda
Alessandra fez o bolo para celebrar seu próprio aniversário de 40 anos | Crédito: Daniel Pera
Denílson e Luciele ganharam noivinhos personalizados | Crédito: Daniel Pera
Bolo do casamento do jogador Denílson com a atriz Luciele Di Camargo | Crédito: Daniel Pera
Bolo cenográfico de pétalas. Foi o cenográfico mais caro que Alessandra fez: R$ 6mil | Crédito: Daniel Pera